Metrópole Integrada

ENTREVISTA | Deputado Federal Toninho Wandscheer

Deputado Toninho Wandscheer

Estamos iniciando um movimento, com base no Estatuto da Metrópole, que tem como objetivo unir as cidades da Região Metropolitana de Curitiba em um novo mapa, a Grande Curitiba Metrópole Integrada.

Realizaremos um grande fórum com especialistas no assunto para debater e construir juntos um novo olhar para as metrópoles.

Essa é uma iniciativa do deputado federal Toninho Wandscheer. Veja abaixo a entrevista que inicia este projeto.

Toninho, o que é o Estatuto da Metrópole?

Uma lei sancionada em janeiro de 2015 pela presidente Dilma que tem como objetivo promover a integração de ações entre os municípios que formam uma metrópole, em parceria com os governos estadual e federal.

Como um grande conhecedor dos problemas da Região Metropolitana de Curitiba, qual sua opinião sobre o Estatuto da Metrópole?

O Estatuto da Metrópole é uma forma de normatizar e regularizar algo que já existe no dia a dia das pessoas. Hoje, na Região Metropolitana de Curitiba, a vida dos cidadãos já é integrada, as pessoas moram em um lugar, estudam ou trabalham em outro, passam o fim de semana em outro. Piraquara fornece água para a Grande Curitiba. Fazenda Rio Grande recicla grande parte do lixo da capital. Mas no poder público, cada município ainda pensa apenas nos seus problemas, infelizmente. O Estatuto fará nascer uma nova cultura de visão coletiva e isso é muito importante. Ele vai obrigar os municípios a se comprometer uns com os outros, a fazer um Plano de Desenvolvimento Integrado, a pensar coletivamente, a lutar para trazer ações do governo federal que beneficiem toda a região. Agora é lei.

Na sua visão de coletividade, o que o Estatuto trará de benefícios?

Muitas coisas, mas principalmente vai levar os municípios a terem que agir e planejar de maneira cooperada entre si. Acredito que vamos avançar bastante no processo de buscar soluções integradas para problemas que afetam a todos. Por exemplo, um projeto melhor de mobilidade para os trabalhadores – tanto os que moram na Região Metropolitana e trabalham na capital, quanto casos mais específicos como os que moram em Araucária, trabalham em São José dos Pinhais e nem passam por Curitiba. Há programas do governo federal para isso e, com o Estatuto da Metrópole, a região que tiver um plano vai poder buscar os recursos em Brasília para executá-lo.

Como surgiu a campanha “Grande Curitiba, Metrópole Integrada”? O que você pretende atingir com ela?

Eu acredito que sou o deputado federal mais identificado com os problemas da Região Metropolitana de Curitiba por já ter sido prefeito de Fazenda Rio Grande duas vezes e presidente da Assomec. Eu vivo a realidade do dia a dia dessas pessoas. Tenho a visão de fora para dentro, das cidades metropolitanas para a capital, e não ao contrário. E sempre lutei para que os programas federais atingissem toda uma região, não municípios isolados. Agora vou retomar esse tema como a principal bandeira que irei defender em Brasília durante meu mandato. Integração é a palavra-chave da minha luta nos próximos quatro anos.

O objetivo da campanha é fomentar o debate político sobre a integração metropolitana e trazer à tona a importância desse tema. O nosso foco, inicialmente, é a Região Metropolitana de Curitiba, que passamos a chamar de Grande Curitiba. Mas queremos também falar do resto do Brasil. Hoje existem no país 60 regiões metropolitanas, com mais de 100 milhões de moradores, que vivem problemas muito parecidos com os nossos. Temos que pensar soluções que atinjam todas essas pessoas. E queremos também trazer a população para dentro do debate. Sei que é possível melhorar muito a vida do cidadão metropolitano se nós trabalharmos em conjunto e com a participação da sociedade. Queremos fortalecer a política metropolitana, articular instituições políticas, atores sociais e organizações privadas, trazer o melhor emprego para o trabalhador, melhor saúde para quem mora na Grande Curitiba e quem sabe até a manutenção do sistema integrado de transporte coletivo, com um preço menor do que temos hoje. São discussões dessa natureza que queremos promover. Tenho certeza que cada município vai poder trazer as suas experiências para o diálogo.

Você falou em “cidadão metropolitano”. O que isso quer dizer?

É um novo conceito que surge como consequência natural da integração entre os municípios. Precisamos pensar não apenas um novo modelo de governo metropolitano, mas também formar a consciência de um Cidadão Metropolitano. Começamos a entender que quem mora em Colombo, Pinhais, Araucária ou Curitiba já compartilha do mesmo espaço, da mesma estrutura. O território do Cidadão Metropolitano é maior que o município, assim como a dimensão dos problemas que vive.

Os municípios têm cerca de três anos pra se adequar a nova lei e elaborar o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI). Não é pouco tempo?

Esse prazo é um limite legal. É claro que para consolidar um projeto importante como este é preciso mais tempo, uma metrópole não fica pronta em três anos. Mas para conseguir alcançar os objetivos precisamos começar agora a construir uma relação intermunicipal que beneficie o cidadão, a projetar o desenvolvimento metropolitano integrado. Agora que é lei, o estado e as cidades serão obrigados a dar mais atenção ao tema. Se trabalharmos firmemente, podemos ter avanços significativos, melhorando a vida de milhares de cidadãos metropolitanos em todo o Brasil.

Você acha que os prefeitos estão preparados para enfrentar esse processo?

Muitas vezes, os prefeitos, quando se elegem, só vão entender o problema da cidade depois que assumem o cargo. Imagina então ter que lidar com os problemas da metrópole. Mas isso não significa que não possa ser feito. O prefeito, assim que assume a Prefeitura, tem que buscar as informações necessárias para produzir no seu município e na sua região o bem estar social. O Estatuto da Metrópole vai pressioná-los a caminhar nessa direção e acredito que muitos problemas da Grande Curitiba podem ser resolvidos com a obrigatoriedade que ele traz. Mas é claro que as prefeituras devem manter a visão aberta e olhar além dos limites do seu município.

Não é um contrassenso que, no momento em que se sanciona o Estatuto da Metrópole, o governo do estado tenha desintegrado o transporte coletivo?

Quando o governo do estado toma uma atitude como essa, de não dar o suporte necessário para que a integração continue, eu vejo isso como um retrocesso. É mais uma ação política resultante da má gestão do Estado, onde sem dúvida existe uma questão financeira muito grave. O Paraná está fazendo o caminho oposto nesse momento. Ao invés de desintegrar o transporte, deveríamos estar integrando a saúde, a segurança, a educação, a coleta de lixo, a preservação ambiental e muito mais. Com esse movimento, queremos acelerar esse processo.

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Conheça o movimento:
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